Muitos têm me perguntado: “Como fica o papel do Gerente de Projetos nos Métodos Ágeis, no modelo Scrum, atuando junto com Scrum Master e o PO (ProductOwner)?”
A pergunta é muito pertinente porque enquanto no Método Cascata, mais tradicional, agora sendo chamado de Método Preditivo, o Gerente de Projeto é quem dá todas as diretrizes, já nos Métodos Ágeis, ele atua dentro de uma outra forma, mais com apoiador. Ahnnnn??? Não entendi?! O que ele vai fazer afinal?!
Antes, convém dizer, em rápidas palavras, os outros papéis nos Métodos Ágeis Scrum: PO (Product Owner), Scrum Master e o Time Scrum.
PO é o cara do negócio, já o Scrum Master é o guardião do Método Scrum e o Time Scrum são as pessoas que trabalham efetivamente no desenvolvimento dos produtos.
E o Gerente do Projeto? O que faz nesse novo cenário?
Continue lendo e entenda as terminologias e o papel de cada uma nos processos.
Métodos Ágeis: Scrum Master, PO e Time Scrum
Enquanto no modelo tradicional, conhecido como Preditivo, o projeto é planejado, elaborado e inteiramente executado para uma entrega apenas no final de tudo, nos Métodos Ágeis, ele pode ser fracionado, possibilitando entregas parciais, em várias etapas, chamadas Sprints.
Os Métodos Ágeis então vem a ser uma alternativa ao Método Preditivo (Cascata, mais tradicional) quando se pensa em como elaborar um projeto, e pode ser utilizando separado ou em conjunto com o Método Preditivo, tornando-se o que temos chamado de Modelo Híbrido, ou seja, parte do projeto conduzido pelo método Preditivo e parte no método Ágil, ou ainda, aplicação de algumas práticas dos Métodos Ágeis, em conjunto com o Método Preditivo.
Preditivo: que se permite predizer, estimar o todo, em termos de prazo e custo ao final do planejamento.
Iterativo: que se permite validar, ao final de cada bloco a medida que vai ficando pronto, ao invés de validar tudo somente no final. Isso não quer dizer que a entrega será parcial, pode ser entregue tudo ao final. O que ocorre é a validação periódica.
Incremental: que realiza entregas parciais, ao invés de entregar tudo ao final.
Os Métodos Ágeis contempla o conceito de Iterativo e Incremental, pois ocorre entregas ao final de cada Sprint, as quais são validadas nesse momento também.
O fato é que com a aplicação de Métodos Ágeis ou de algumas de suas praticas, permite-se evidentemente, entregar alguns resultados aos clientes, ainda que de forma parcial, mas algum ganho já vai obtendo, ao invés de obter somente ao final do projeto, quando tudo lhe for entregue.
Os Métodos Ágeis nasceram com o foco voltado para tecnologia, mais especificamente para projetos de desenvolvimento de software, mas podem ser aplicados a qualquer tipo de projeto de diversos setores e é exatamente isso que vem acontecendo na área de Gerenciamento de Projetos, ou pelo menos sendo tentado, afinal de contas a palavra “Ágil” é muito atraente.
O problema é que muitas pessoas estão fazendo muita confusão em função da palavra “Ágil”, e alguns passam a pensar que é algo mágico, que agora não precisa documentar, nem planejar, e nem tampouco de um gerente de projetos. Pode até ser... mas calma lá!
Mas antes de falarmos da figura do Gerente de Projetos e saber seu papel nesta “nova” (já que não é tão nova assim) metodologia, vamos ver quem são os participantes nos Métodos Ágeis de desenvolvimento de software:
- Métodos Ágeis: Product Owner
Product Owner ou simplesmente PO: elabora a visão do produto e gerencia a lista de entregáveis, ou seja, o backlog do produto (Product Backlog), garantindo entendimento e visibilidade e priorizando-o, baseado no que for gerar mais valor ao negócio. Normalmente, o PO é o cliente, a pessoa de negócio.
- Métodos Ágeis: Scrum Master
É o guardião do Método Scrum. Coach da equipe. Líder servidor. Remove impedimentos e é o facilitador dos eventos. É o responsável por garantir que todos os integrantes da equipe Scrum compreendam e sigam as regras do Scrum. Se formos fazer uma analogia, o Scrum Master estaria mais para o PMO – Project Management Office, do que para um gerente de projetos.
- Métodos Ágeis: Time Scrum
Pessoas que trabalharam efetivamente no desenvolvimento dos incrementos do produto, dos entregáveis determinados pelo PO. No conceito dos Métodos Ágeis Scrum, “prega-se” que seja uma equipe auto-organizada, auto-gerenciável e multifuncional. Gerenciam o backlog de atividades técnicas (Sprint Backlog).
E como fica o gerente de projetos?
Em alguns lugares onde está se adotando os Métodos Ágeis, não se adota essa figura formalmente, pois supõe-se que a equipe nos Métodos Ágeis seja de fato “auto-gerenciada” não precisando de uma pessoa controlando, perguntando: “E aí, tá pronto?” ou “Quando termina?”.
E com isso algumas funções acabam “sobrando” para o Scrum Master ou, em algumas outras organizações, para o PO.
O fato é que a figura do Gerente de Projetos continua existindo no papel de apoiador e não de controlador. A responsabilidade total do projeto e de integração com todas as outras frentes continua sendo do Gerente de Projetos.
Vamos ver um exemplo: vamos supor que o projeto seja o lançamento de um novo produto no mercado, cujos entregáveis sejam: 1. O Site, 2. Uma campanha de Marketing, 3. Contratação de Novos Colaboradores para aturem no SAC, 3. Integração das funções de venda do site com o sistema de Gestão da empresa.
Como vamos tocar esse projeto? Pelos Métodos Ágeis ? Pelo Método Preditivo? Ou de forma Híbrida? E quem vai gerenciar tudo?!
Uma forma sugerida para esse caso seria gerenciar o projeto todo pelo Método Preditivo, mais tradicional, com a figura do Gerente de Projetos coordenando tudo, porém com a parte do Site sendo conduzido pelos Métodos Ágeis, com Scrum Master, PO e Time Scrum.
E neste caso, o Scrum Master ou o PO interagindo com o Gerente de Projetos para reportar como anda tudo, periodicamente, ao final de cada Sprint por exemplo.
Outro exemplo: agora um projeto puramente de desenvolvimento de um software. O Scrum Master garante o método, o PO prioriza as entregas a cada Sprint, o Time Scrum põe a mão na massa para desenvolver o sistema, e a função do Gerente de Projetos? Pode ser executada pelo Scrum Master ou pelo PO, ou ainda, ter uma terceira pessoa.
Minha sugestão: uma das duas primeiras, ou seja, que a função de gerente de projetos seja acumulada pelo Scrum Master ou pelo PO, pois alguém terá que fazer o Status Report para a organização, gerenciar algumas insatisfações de alguns stakeholders, por exemplo.
Normalmente, o PO, que é a pessoa de negócio, não quer saber de gerenciar projetos, mesmo porque, a grande maioria está mais habituado a processo e a uma visão de “cliente”, enquanto o Scrum Master já tem na veia o conceito de projetos, pois já trabalha na área de TI, que naturalmente já vive o conceito de projetos, em essência. Ou seja, já tem mais o cacoete.
Entretanto, se o projeto abranger mais entregáveis, além da parte de desenvolvimento do software em si, aí, o mais correto seria a pessoa de negócio, ou seja, o PO assumir a gestão do projeto, porque senão daqui a pouco o cara da TI estará cobrando o cara do Marketing sobre porque a publicação na revista ainda não saiu! E aí começam as confusões.
Portanto, a minha sugestão é: escolha o método a ser utilizado PROJETO A PROJETO, sem radicalismos ou fanatismos. Nem para um lado e nem para outro.
Como pode ver, o Gerente de Projetos continua sendo uma figura extremamente importante para o desenvolvimento e utilização dos Métodos Ágeis isoladamente ou no modelo híbrido.
Não importa, alguém precisa interagir com o resto da organização durante o projeto de forma eficaz, principalmente nos mais complexos.
Sua expertise e participação é fundamental na organização da equipe, administração do orçamento, na elaboração e fornecimento de status report, na interface com os clientes além do PO, com os fornecedores, com os demais envolvidos, e até mesmo, na administração dos conflitos.
Portanto, calma caro Gerente de Projetos! Você continua existindo e seu papel é de fundamental importância para o sucesso dos projetos nas organizações. O importante é que a empresa defina com clareza os papéis de cada um, para que tudo funcione muito bem.
Qual a importância das certificações
Cada vez mais, as altas gerências das organizações têm exigido que os gerentes de projeto comprovem suas competências e a certificação está se tornando cada vez mais importante para os profissionais que trabalham com Gestão de Projetos.
Profissionais certificados têm um forte diferencial competitivo garantindo maior empregabilidade.
E a Certificação PMP® continua sendo importante? Claro que sim, e a mais importante e reconhecida certificação de gerenciamento de projetos, no Brasil e no mundo.
A Certificação PMP® - Project Management Professional (Profissional em Gerenciamento de Projetos) – é pré-requisito para quem quer trabalhar como Gerente de Projetos.
A Certificação PMP® ou Certificacion PMP®, como muitos de língua espanhola conhecem, permite que você dê um salto na sua carreira e continue tendo uma grande demanda dentro das organizações.
Para quem não sabe, essa certificação é um documento emitido pelo Project Management Institute (PMI)®, com base em um exame, visando o avanço da profissão de Gerenciamento de Projetos e o reconhecimento das conquistas individuais nesta área.
É a credencial profissional mais reconhecida e respeitada mundialmente no mundo de Gerenciamento de Projetos.
E sobre as certificações nos Métodos Ágeis?
Agora, o ideal é que além de ser PMP®, o profissional de projetos também obtenha alguma das certificações ligadas aos Métodos Ágeis, tais como: ASF – Agile Scrum Foundation; SCM: Scrum Master; PMI/ACP: Agile Certified Practtioner, e outras. Em breve vou soltar um outro artigo explicando todas elas e as instituições ligadas a cada uma, fique de olho.
É assim! É duro se manter competitivo no mercado, né?! É! “Quando eu vou parar de estudar?”: Nunca! E que bom!!! Mantenha-se sempre na postura de Sócrates: “Quanto mais sei, mais sei que nada sei!”- até aqui funciona.
Eu me lembro que quando eu comecei a trabalhar meu diferencial era um “Curso de Datilografia” (talvez alguns nem saibam o que é isso).
Só que atualmente, o mercado é cada vez mais exigente: o gerente de projetos precisa ter MBA, ser PMP®, saber falar inglês, espanhol, formação de TI para projetos de Tecnologia, Engenharia para projetos ligados à essa área, etc. Senão, tá lascado! É a vida! #boraestudar.
Bem, agora, é a vez das certificações: para trabalhar com Gestão de Projetos: PMP e Métodos Ágeis, ainda que muitos nem saibam direito o que é. O fato é que todo mundo quer ser ágil, e as empresas querem profissionais certificados.
Última dica para os profissionais de projetos
Sugestão: se você não conhece nada ainda sobre PM Visual, CANVAS de Projetos e essas novas metodologias que estão surgindo no mercado, para ficar cada vez mais com sua empregabilidade em alta, sugiro se atualizar!
O PM VISUAL por exemplo, permite que você faça um plano de projetos em 8 horas de trabalho, com 68% de confiabilidade, e a partir dele, você poderá optar se segue por Métodos Ágeis, Método Preditivo ou Híbrido.
E caso opte por ir por Métodos Ágeis, sairá com a resposta que todo executivo quer saber: “Afinal, quanto tempo vai levar para fazer tudo?”.
E o número dito será com 68% de confiança, ou seja, com uma margem cerca de 25% para mais ou para menos, apenas, o que para 1 dia de trabalho é um bom número, ao invés de dar a resposta que irrita alguns diretores: “Tudo?! Não sei. Só sei o que será entregue no próximo Sprint!”. Para saber mais sobre o PM VISUAL, acesse www.robsoncamargo.com.br.
Portanto, caros Gerentes de Projetos, estudar sempre! #forçagp
Espero que este artigo seja útil para você! E aguardo seus comentários, por favor.
Comente também como é na sua empresa, como é a atuação do Gerente de Projetos nos Métodos Ágeis e como ele interage com o Scrum Master e o PO. Diga também se você concorda ou não com os pontos aqui colocados, está bem?! Vamos interagir! Certamente será útil para toda comunidade de Gerenciamento de Projetos.
Como é um tema que apesar de antigo, é “meio novo” na prática aqui no Brasil, creio que todos temos muito a aprender com essa troca de informações. Então, gostaria muito de saber os pontos que você pode acrescentar com suas experiências!
Compartilhe com sua rede de contatos!
Um grande abraço e até a próxima semana!
Sobre o autor:
Robson Camargo, PMP, MBA, GWCPM, ASF é professor nos cursos de MBA das Principais Escolas de Negócio do País: FGV, Fundação Dom Cabral e FIA/USP com Certificação PMP – Project Management Professional emitida pelo PMI, MBA em Administração de Projetos pela FEA/USP e Master Certificate pela George Washington. Robson Camargo é autor do livro PM VISUAL e criador do Método PM VISUAL. Sua equipe realiza treinamentos e consultorias em empresas do Brasil e exterior. Robson Camargo está à frente da RC Robson Camargo – Projetos e Negócios, há mais de 11 anos.
As marcas PMP, PMI, PMBOK e a logomarca “REP” RegisteredEducationProvaider são marcas registradas do Project Management Institute, Inc.
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