Estrutura analítica de projetos (EAP): aprenda a mapear e controlar o trabalho
- 27/2020
- Robson Camargo
A Estrutura Analítica do Projeto (EAP) é um documento que muitas vezes é negligenciado pelos gerentes de projeto, mas poderá ser muito útil na definição visual do escopo.
Pode-se até dizer que esses são blocos de construção muito importantes para a área de gerenciamento de projetos.
Estrutura Analítica do Projeto (EAP): por que usar?
A definição do PMBOK® para EAP (Estrutura Analítica do Projeto) ou WBS (Work Breakdown Structure) é: decomposição hierárquica orientada à entrega do escopo total do trabalho a ser executado pela equipe do projeto para atingir os objetivos e entregar o que foi requerido.
Ou seja, é um recurso para dividir o projeto em pacotes de trabalho, por isso, na verdade, EAP é Estrutura Analítica do Trabalho.
Embora nem todos os gerentes de projetos tenham o hábito de usar essa ferramenta, até mesmo porque não sabem como elaborá-la, entender por que a EAP ou WBS pode ser bem útil no gerenciamento de projetos.
Vamos listar algumas boas razões para elaborar uma EAP:
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Indicar o marco do trabalho e pontos de verificação;
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Simplificar e tornar o trabalho mais direto;
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Permitir projetos mais legíveis;
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Auxiliar na estimativa do escopo, tempo e outros fatores que vão compor o projeto;
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Fornecer uma estrutura sólida para gerenciar e delegar as tarefas;
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Determinar que apenas tarefas necessárias serão utilizadas no projeto.
Além disso, a Estrutura Analítica de Projetos (EAP) pode funcionar como uma entrada para cinco atividades principais:
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Planejamento de Recursos;
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Estimativa de custos;
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Orçamento de Custo;
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Planejamento de Gerenciamento de Riscos;
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Definição das atividades.
A criação da EAP orientada à entrega dos projetos concentra gerente, equipe, stakeholders e patrocinadores nos resultados dos produtos do projeto.
Blocos gerenciáveis
Depois da definição do escopo, é a hora que a EAP ou WBS precisa ser criada, decompondo em pacotes menores de trabalho.
Essa estrutura de detalhamento do trabalho define o escopo visualmente em blocos gerenciáveis, que vai permitir o claro entendimento da equipe sobre o trabalho que deve ser realizado porque cada nível da estrutura vai ter detalhes adicionais e definição.
Já no que se refere a custo, a Estrutura Analítica de Projeto (EAP) terá pacotes de trabalho atribuídos a um departamento específico. Essas contas de custo vão ser definidas em uma estrutura de detalhamento organizacional e vão receber um orçamento para produzir as entregas.
Além disso, a EAP também é eficiente para identificar riscos potenciais. Se uma determinada ramificação do trabalho não estiver bem definido, poderá representar um risco de definição do escopo.
Outro benefício da EAP é que essa ferramenta é bastante eficiente para identificar, por meio de códigos de cores, quais produtos poderão estar sendo prejudicados se um projeto atrasar.
A EAP não deve conter atividades e deve ser realizada antes do cronograma de projetos, que vai apresentar uma linha do tempo, com todas as atividades a serem realizadas, com prazos de início ao fim e relações de interdependência.
Como fazer uma EAP?
Todas as informações sobre o projeto serão a base para a criação da EAP, que, posteriormente, também serão utilizadas para a criação do cronograma.
O próximo passo é criar o Termo de Abertura do Projeto, que é um documento curto, que vai formalizar o início e aprovação do projeto. Nele vai conter a base para a elaboração da Estrutura Analítica do Projeto (EAP), com dados como objetivos, finalidades, justificativas, descrição do produto, entregas do projeto, etc.
Então é hora de reunir os profissionais em uma reunião de brainstorming no produto final e planejar as etapas do projeto para elaboração da EAP, que vai representar o resultado das atividades do projeto, mas não as atividades em si.
O primeiro nível da Estrutura Analítica do Projeto (EAP) será justamente a distribuição das etapas ao longo do ciclo de vida do projeto.
Para a elaboração da EAP, será preciso identificar também o conjunto das entregas do projeto.
O próximo passo é decompor as etapas, para dividir entregar grandes em menores, para que sejam mais fáceis de planejar e gerenciar.
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O nível superior representa o produto final do projeto;
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As subentregas devem conter pacotes (com definição do trabalho para estimar tempo e custos) atribuídos aos departamentos da organização;
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Os pacotes de trabalho deverão ser independentes entre si;
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Os pacotes de trabalho não deverão ser duplicados.
Caso o gerente de projeto já tenha realizado um projeto semelhante ao atual, poderá usar a EAP anterior como uma base.
Podemos dizer que o desenvolvimento bem elaborado do detalhamento do trabalho pode garantir que cada processo do projeto seja melhor articulado e detalhado no nível apropriado do pacote.
Dicionário da EAP
O próximo passo da elaboração da EAP é fazer o Dicionário da EAP, que vai conter as descrições dos pacotes de trabalho para orientar melhor a equipe. No documento, constam informações sobre recursos, orientações técnicas e critérios de aceitação.
Esse documento serve para descrever o trabalho a ser executado, além de impedir alterações descontroladas no escopo do projeto.
Esses documentos também precisam ser consolidados pelo gerente de projeto, que vai precisar aprová-los com os stakeholders.
E o que é PBS?
Existe a EAP ou WBS, que é a Estrutura Analítica do Projeto, e existe a PBS (Product Breakdown Structure) ou Estrutura Analítica do Produto, que consiste na representação gráfica da estrutura hierárquica dos produtos e subprodutos do projeto.
Muitos gerentes de projeto preferem até mesmo substituir a elaboração da WBS pela PBS porque vai possibilitar o entendimento do que vai compor o produto, ou seja, definir o escopo do produto.
A PBS vai garantir que todos os produtos necessários para um produto sejam considerados durante o planejamento e será possível projetar com mais precisão os requisitos do produto, projeto ou sistema.
Para criar a PBS, é necessário, em primeiro lugar, identificar os requisitos que o cliente do projeto tem para o produto que deseja, para construir e dar suporte.
Depois disso, é mais fácil detalhar como será realizado esse projeto, validar com o cliente e realizar a WBS na sequência, fazendo um ajuste dos pacotes de trabalho antes de ir para o cronograma.
Conclusão
Fica bem claro que a Estrutura Analítica do Projeto (EAP) é um ponto de partida para o planejamento de muitos outros processos importantes dentro da gestão de projetos.
Mas não é raro que essa etapa seja pulada dentro do ciclo de vida do projeto, o que certamente pode envolver algumas consequências.
O que pode-se dizer sobre isso, é que o profissional que optar por elaborar um documento de qualidade poderá evitar aumento desnecessário do escopo, déficit orçamentário e até mesmo baixo desempenho de entregas.
Saiba mais sobre PBS nesse vídeo:
Sobre o autor
Robson Camargo, PMP, MBA, GWCPM, ASF é professor nos cursos de MBA das Principais Escolas de Negócio do País: FGV, Fundação Dom Cabral e FIA/USP com Certificação PMP – Project Management Professional emitida pelo PMI, MBA em Administração de Projetos pela FEA/USP e Master Certificate pela George Washington. Robson Camargo é autor do livro PM VISUAL e criador do Método PM VISUAL. Sua equipe realiza treinamentos e consultorias em empresas do Brasil e exterior. Robson Camargo está à frente da RC Robson Camargo – Projetos e Negócios, há mais de 11 anos.
As marcas PMP, PMI, PMBOK e a logomarca “REP” RegisteredEducationProvaider são marcas registradas do Project Management Institute, Inc.
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